quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Eita Brasil!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

 bandeira final

Assistindo o Jornal Nacional (11/fev/2010) ainda a pouco, vibrei com a prisão de Arruda, eu vibrei de verdade, fiquei muito feliz: “Estou sonhando? Um político foi preso? Me belisca Davi. Me acorda Jair. Um político foi preso no Brasil?”

Inacreditável.

Eu salvei este texto que li há alguns dias atrás em um site, gostei muito, não queria postar aqui por imaginar que seria politicamente chato, mas com a prisão de Arruda me dei o direito de repassar, eu adorei a entrevista. Delicie-se com a exclusiva.

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EXCLUSIVO - Impunidade Dá Entrevista.

Fonte:

http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2010-02-01_2010-02-28.html#2010_02-06_21_23_39-10045644-25

Por Josias de Souza

Deputados e senadores retornaram à atividade. Tudo voltou ao normal em Brasília. Inclusive as anormalidades.

No Congresso, José Sarney discursou em defesa da “ética” e da “modalidade”. Na Câmara Legislativa da Capital, foi lida a mensagem de José Roberto Arruda.

O governador dos panetones anotou no texto: “Toda crise passa”. Evocando o apóstolo Paulo, disse que trava o “bom combate”. Mais: “Não perdi a fé”.

Frequentemente apontada como culpada de todos os males que conspurcam a política brasileira, a Impunidade revoltou-se.

Em entrevista ao repórter, a nobre senhora disse que não podem mais ficar impunes os que a acusam impunemenete há anos.

“Sou inocente”, disse a Impunidade, fronte alta. Vão abaixo os principais trechos da conversa:

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- Por que ninguém é punido no Brasil?

Punidos há, meu rapaz. Mas só abaixo de um certo nível de renda. Ricos e poderosos escapam por culpa do ilógico que nos cerca.

- A Sra. está na origem dessa falta de lógica, não?

Negativo. Sou inocente. A origem está no Éden.

- Como assim?

Ao comer do fruto proibido, Adão e Eva nos roubaram o paraíso. Em troca, ganhamos o sexo e a indústria do vestuário. Passamos a parir milhões de corpos inúteis. E vieram as roupas, bolsos em excesso, as cuecas, as meias …

- A culpa, então, é da serpente?

Há também os portugueses!

- A Sra. pode ser mais específica?

Raciocine comigo, meu rapaz: “Como seria o Brasil se os portugueses tivessem sido postos para correr naquele fatídico 22 de abril?”

- Como seria?

Um país habitado exclusivamente por índios. No resto do mundo, políticos de terno, gravata e roupas de baixo. Aqui, todos nus, vergonhas à mostra.

- A culpa, então, é da indústria da moda?

Não podemos esquecer o fator genético.

- Quer dizer que...

Permita-me concluir o raciocínio, meu rapaz.

- Por favor, vá em frente.

Se as caravelas tivesem sido expulsas, nós não estaríamos tendo essa conversa. Você não existiria.

- Mas, mas...

Sua cara denuncia a presença de sangue índio nas veias. O clareamento de pele veio com a mistura: portugueses, negros, italianos e todo o coquetel de que você é feito.

- Quer dizer que a culpa é minha? Ou, pior, da imprensa?

Não me entenda mal, rapaz. Você não existiria. Mas, em compensação, também não existiriam o Arruda, o Sarney, o Jáder, o Renan...

- A Sra. está sendo racista...

Alto lá. Racista não, realista. Pense em como seria o Brasil se os holandeses tivessem derrotado os portugueses na Capitania do Maranhão, colonizando depois todo o país. O padrão nacional de beleza seria outro. Em vez do bigode do Sarney, uma legião de giseles, loiras, pernudas, longilíneas, lindas.

- A culpa, então, é da miscigenação?

Convém não esquecer a maldição do autodesprezo.

- Não entendi.

Somos a terra do malandro, do indolente. Respiramos um paradoxo: somos o país do jeito pra tudo e, simultaneamente, o país que não tem jeito. O mundo olha para os nossos canalhas e suspira: sabe como é... brasileiro...

- Isso soa a lero-lero de quem não quer assumir a própria culpa.

Não me onfenda, caro rapaz. Então o Lula, presidente que nada vê e nunca sabe, diz que o Sarney não pode ser tratado como pessoa comum e eu é que sou culpada?

- Entendo. A culpa, então, é do presidente?

Veja bem, não podemos esquecer o resto.

- O resto?

Exatamente. Refiro-me aos milhões de brasileiros comuns. Eles tem o poder. Mas se esquivam de exercê-lo.

- Como assim?

Ora, meu rapaz, não há marcianos na política. Eles são eleitos. Roubam, desviam, tripudiam, dançam, sapateiam... E são reeleitos.

- Mas, mas...

Em vez de mandar essa gente pra cucuia, o eleitor prefere se agarrar à crença de que é vítima de um conto-do-vigário eterno. Esse papel de vítima é coisa de otário, meu rapaz.

- Culpa do povo, portanto.

Não queira me comprometer. Ouça tudo o que eu te disse. Você me parece um rapaz inteligente. Tire suas próprias conclusões. Mande seus 22 leitores olharem no espelho. Quanto a você, pare de encher a boca para pronunciar o meu nome. Esqueça a Impunidade, meu rapaz. De quem é a culpa? Eu te digo: Minha é que não é. Não, não e não

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Eu particularmente adorei essa entrevista e fiquei me perguntando: onde ela conseguiu tempo livre na agenda pra dá essa entrevista?

Digno.

Eita Brasil! É assim né.

 

“Meu sangue é verde, amarelo, branco e azul, eu sou brasileiro!”

 Raul Mesquita   

É isso, beijos na bunda.

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